Capítulo 10, Marcas

10

   Um mês se passou, e nós dois ainda não havíamos nos assumido como “namorados”. Mas de fato era isso que nós éramos. Não assumidamente, Mas éramos, enfim, dá pra entender. E depois de um mês tínhamos absoluta certeza de que nos amávamos e eu estava cada vez mais apaixonada por ele.  
   Era o dia do show pelo qual eu esperava ansiosamente. Anna e Kevin haviam assumido o namoro no dia anterior. Naquela noite mal conseguia dormir de tão ansiosa. Acordei cedo, era 07h30 em pleno sábado. Levantei, e ninguém na casa tinha levantado ainda. Minha mãe já havia voltado a trabalhar. Lavei o rosto, escovei os dentes e penteei os cabelos. Preparei a mesa pra que quando ela acordasse, pudesse comer comigo, pus a mesa com frutas, suco, pãezinhos, geléia, queijo, presunto e biscoitos. Eu me sentei à mesa e comecei a comer, já que estava com fome o bastante pra devorar a mesa sozinha. Mamãe acordou, veio até a mesa e se juntou a mim.
   -Que milagre, acordou com o galo. – Ela falou com ar deboche bem típico da minha mãe.
   -Pois é, nem consegui dormir direito de tão ansiosa para o show. – Mordi um biscoito.
   -Imagino. – Falou ela colocando suco em seu copo.
   Comemos bastante, conversamos também. Depois de um tempo ela se levantou, se arrumou e foi trabalhar. E eu fiquei em casa, deitada no sofá marrom de pernas pra cima, escoradas na parede, assistindo tevê. Até que meu celular vibrou e junto com ele a minha alma.
   “Oi minha princesa, preparada pro show? Estou ansioso. Te amo.”
   Respondi, e sem notar, estava sorrindo de forma idiota.
   “Preparadíssima, nem dormi direito de tanta ansiedade. Mas porque não aproveita que a loja não abre hoje e vem aqui em casa agora?”
    Ele respondeu;
    “Opa, já estou indo, esse convite não é de se recusar. Vou de moto, chego aí rapidinho, até porque eu tenho umas cifras pra dar pro John. Te vejo daqui a pouco, beijo.”
   Fui tirar meu pijama de girafinhas, (sim eu tinha um pijama de girafinhas, e sim eu amava ele) e colocar um short, uma regata branca, e um par de chinelos. Estava com um pouco de olheiras, mas nada muito assustador, ou alarmante. Victor chegou dentro de uns vinte minutos. John ainda dormia. Ele tocou a campainha, e eu como de praxe fui correndo atendê-lo.
   -Oi meu amor. – Ele falou sorrindo, com aquele sorriso típico, lindo e brilhante de sempre. Ele usava uma bermuda jeans e uma camiseta azul bebê, e claro, all star preto, com seus cabelos levemente despenteados. Ele me beijou os lábios como sempre. Reparei que carregava uma pasta nas mãos. “Devem ser as cifras de John”, pensei eu.
   -Oi meu amor, entra. – Falei sorrindo, abrindo mais a porta e dando-o espaço para passar.
   -Parece que alguém não dormiu direito mesmo hoje. – Ele falou com uma carinha de preocupado que chegava a ser intrigante de tão meiga.
   -Pois é, não dormi muito bem, a ansiedade está me tomando. Mas também não estou com sono.
   Entramos em casa, sentamos no sofá, e ele tirou um envelope grande, do tamanho de uma folha A4 de dentro da pasta, e me entregou.
   -Presente pra você. – Ele falou com um ar de mistério, e com aquele seu sorriso debochado e escrachado.
   -Hum, eu gosto de presentes. Obrigado meu feioso. – Quis parecer natural, mas estava me mordendo de curiosidade.
   Eu abri o envelope, dentro tinha uma bandeirinha da Inglaterra. Olhei pra ele, confusa.
   -Uma bandeira da Inglaterra? – Ergui uma das sobrancelhas.
   -Sim, pra você por do lado daquela bandeira americana no seu quarto. – E o sorriso de moleque voltou a dar os ares em seu rosto.
   -Ai bobo, vou por sim. – Falei rindo e segurando a bandeirinha.
   -Mas, calma porque tem mais coisa aí dentro.
   -Ah é? – Tinha medo de pensar o que seria, Victor era famoso por pregar peças muito bem.
   Quando eu pus a mão dentro do envelope e tirei o que tinha dentro, fui obrigada a rir. Era uma foto nossa onde nós dois fazíamos caretas, e nela estava escrito “meu feioso” em negrito.
   -Lembra da promessa que me fez? – Ele falou, já convicto de que eu me lembrara, perguntou só pra me testar.
   -Mas é claro que lembro, vou por bem no meio do meu mural, não sou de falhar com promessas. – Devolvi a ele o mesmo sorriso debochado.
   Quando eu pensei em me levantar pra ir até o meu quarto por a foto e a bandeira nos seus lugares, ele segurou a minha mão e me puxou pro sofá de volta.
   -Agora não, depois tu põe no lugar. Agora senta aqui comigo, eu estou carente hoje. – Ele fez um beicinho de criança mimada, e aquele ar de deboche que só ele conseguia ter. A situação me obrigou a rir mais ainda.
   -Ai, coitadinho do menino, - Eu disse, mais próxima dele. Abracei-o pelo pescoço e lhe dei um beijo no rosto. – está carente, que dó.
   -Pois é, cuida de mim. – Ele me olhou nos olhos, com o mesmo beicinho de criança mimada, com um brilho no olhar.
   -Eu não! – Afastei o rosto, rindo, com aquele típico ar de deboche. Ele pegou e me abraçou com os dois braços, me deu um beijo nos lábios.
   -Então deixa que eu cuido de ti. – Ele falou com o rosto ainda muito próximo do meu, sorrindo.
   Dito isso, me deitei no sofá, esticando as pernas no mesmo, coloquei uma almofada no colo de Victor e repousei a minha cabeça lá. Eu sorri pra ele, e ele tocou a ponta do meu nariz com o dedo. Ficamos olhando tevê um tempão e conversando, rindo de tudo, tirando sarro um da cara do outro enquanto ele mexia nos meus cabelos, de uma maneira que só ele sabia fazer. A cena perfeita. E a cada dia eu tinha a mais perfeita certeza de um amor verdadeiro, que nascera do nada, mas que só morreria junto comigo, no túmulo. John acordou e veio até a sala, já eram umas 11h00. Eu me levantei e sentei mais perto de Victor, só pra ter certeza de que John não incomodaria.
    -Bom dia campeão. – Disse Victor, com bom humor.
    -Bom dia Victor, - Disse John com cara e voz de sono. – Cadê a mamãe?
   -A mamãe foi trabalhar. Tem frutas e suco na geladeira, pãozinho no forno, vai lá comer.
   -Tudo bem, vou lá.
   John se virou e foi pra cozinha comer. Eu deitei a cabeça sobre o ombro de Victor e continuamos olhando tevê.
   -Amor você não está com fome? – Perguntei preocupada, afinal ele poderia nem ter tomado café.
   -Não, comi antes de sair de casa.
   -Então tudo bem. – Me tranquilizei.
   Depois de um tempo, John voltou à sala e sentou-se no sofá menor. Victor o entregou as cifras que trazia na mesma pasta em que trouxe meus presentes.
   -Então campeão, próxima aula, pelo menos uma música dessas bem tocada ok?
   -Ok, vou tentar.
   Queria que Victor ficasse comigo o dia todo, pra que passasse mais rápido, afinal a ansiedade era muito grande e com Victor nem via o tempo passar. Então decidi estender à ele um convite.
   -Então, amor o que você acha de ficar aqui em casa e almoçar com a gente? – Falei sorrindo forçadamente – Ainda vai ter o prazer de desfrutar de uma comidinha feita por mim.
   -Ai meu Deus, ela quer me matar intoxicado. – Ele falou, debochando.
   -Idiota.
   -Seu idiota.
   -Exatamente.
   John nos olhou seriamente, com certa repugnância. – Nossa, vomitei dois arco-íris aqui.
   -Tudo bem John. Mas então feioso, vai querer almoçar aqui?
   -Tudo bem, eu topo. Vou ligar pra minha mãe pra avisar que eu não vou almoçar em casa.
   Victor ligou pra sua mãe e avisou. Ela já nem se importa mais, durante esse um mês Victor já veio várias vezes almoçar em minha casa. Me levantei e fui até a cozinha começar o almoço. Joseph ficou atirado no sofá olhando desenho, e pra minha surpresa Victor foi atrás de mim.
   -Vou te ajudar.
   -Sério? Estranho isso. – Debochada, normal.
   -Não vou deixar a minha princesa sujar as mãos enquanto eu não faço nada né? – Ele sorriu.
   -Hum, que lindo e cavalheiro. – Falei abraçando-o, e ele me deu um beijinho na testa.
   Comecei a cortar a carne e dei a salada pra ele preparar. Pra minha surpresa, o prato ficou mais bonito do que quando a minha mãe preparava. Fiz um estrogonofe que ficou delicioso. Enquanto estava no fogão ele chegou do meu lado e me abraçou, eu peguei uma colher com um pouquinho do molho do estrogonofe, assoprei para esfriar e dei na boca dele.
   -Hum delicioso, nossa até que você cozinha bem. – Novamente o ar de deboche foi detectado.
   -Idiota! – Falei pegando um pouquinho de molho da colher com o dedo e passando na ponta de seu nariz, rindo igual uma criança. – Bobão.
   Ele passou o dedo na ponta do nariz tirando o pouquinho de molho, e passou no meu nariz.
   -Boba é tu.
   -Idiota, - Mordi a bochecha dele – Te odeio com todo o amor do mundo.
   -Me ama demais né?
   -Fazer o que, a gente não pode escolher por quem se apaixona né?
   Sem dúvida, éramos o casal mais debochado do mundo. E isso era especial pra mim, era bom demais ter essa liberdade.
   -Magoou agora.
   -Fica assim não, - Dei um beijo na bochecha dele – eu te amo e é isso que importa.
   Ele me deu um beijo nos lábios.
   -Sim, é isso que importa.
   O almoço ficou pronto, e com a ajuda de Victor eu pus a mesa. Depois de um tempo, mamãe chegou e fomos almoçar.
   -Mamãe, Victor me ajudou a fazer o almoço hoje.
   -Ah é? – Mamãe olhou diretamente pra ele, o fazendo ficar envergonhado. - Prendado o menino.
   Ele riu meio sem jeito. Foi um típico almoço de família quando Victor estava por perto, risadas, e mais risadas. Depois de almoçar eu fui até o quarto por meus presentes no seu devido lugar, enquanto Victor ficou assistindo tevê com o John. Ajeitei as fotos do mural, e pus a nossa bem no meio. Mudei a ordem dos pôsteres pra por a bandeira inglesa bem do lado da americana. Chamei ele para que viesse ver;
   -Victor, vem aqui!
   -Tudo bem já vou. – Ele falou em tom alto pra que fosse audível da sala pro quarto.
   Cinco segundos depois ele apareceu.
   -Fala feia.
   -Olha, - Falei apontando para a foto e para a bandeira. – Satisfeito?
   -Agora sim, perfeito. Só ficaria melhor com um pôster meu aqui nessa parede.
   -Vai sonhando. – Falei sorrindo.
   -Vou por um pôster seu no meu quarto.
   -Já que você diz, quem sou eu pra duvidar né?
   Ele me deu um abraço e ficamos um tempão só abraçados. Aquilo era fascinante pra mim, aquilo era tudo o que eu precisava pra expulsar as coisas ruins do meu coração, e “carpe diem”. Victor interrompeu o abraço, meio desanimado.
   -Meu amor, eu tenho que ir, meu pai quer ir às 16h00 pra Porto Alegre eu tenho que me arrumar ainda.
   -Tudo bem então, eu também tenho que me arrumar.
   Beijo de despedida.
   -Te amo.
   -Também te amo.
   -Eu te amo mais.
   -Não, não eu te amo mais.
   -Eu te amo bem mais.
   -Você não tinha que ir se arrumar?
   -Está me dispensando?
   -Não, só estou evitando uma possível discussão.
   -Está certo. Vou lá meu amor.
   Ele se despediu da minha mãe e de John, eu fui até a porta com ele, e quando ele pôs o capacete, gritei;
   -Eu te amo bem mais!
   Então ele deu partida na moto e gritou;
   -Não mesmo! Eu te amo bem mais!
   Acelerou e foi embora, não me dando tempo para responder.
   Eu entrei em casa rindo igual a uma idiota. Minha mãe e meu irmão já estavam acostumados com aquele tipo de cena, afinal éramos namorados não assumidos, certo?
   Minha mãe foi trabalhar e John foi para o treino do time de futebol da escola. Fiquei em casa sozinha com uma ansiedade incrível que me fazia ficar no tédio. Um tédio horrível. Mesmo olhando tevê (e ainda um programa que eu gostava muito) o tédio não saía de mim. 14h00, eu fui tomar um banho pra me arrumar e ficar pronta pra esperar meu “sogro” me buscar. Estranho falar “sogro”. Liguei o chuveiro e deixei a água escorrer pela minha cabeça, relaxando. Depois de sair do banho sequei os cabelos com secador, e escovei os dentes. Pus uma calça de lavagem clara, minha camiseta preta da Skillet, meu all star vermelho, brincos redondos vermelhos, e meu colar de sempre. Etapa vestuário terminada. Passei perfume, e fui pra maquiagem. Corretivo, base, pó compacto, blush, olhos bem contornados, e por um motivo desconhecido, resolvi passar batom vermelho. Me veio um flashback daquele dia na praia, e sem perceber sorri sozinha.  Etapa maquiagem terminada. Parti para a etapa “arrumar a bolsa com tudo que eu não posso esquecer”. Peguei minha bolsa vermelha grande, pus maquiagem (caso a minha borrasse), dinheiro, absorvente (vai que né?), chaves de casa, ingresso, balinhas e enfim fechei a bolsa. Fui até o guarda-roupa peguei minha jaqueta de couro pra levar caso esfriasse. Três e cinquenta estava pronta, sentada no sofá roendo minhas unhas que já se terminavam.
   Era incrível, mas exatamente as 16h00 ouvi a buzina do carro de Willian. Peguei a bolsa e o casaco e chaveei a casa, e quando saí, tinha uma picape branca linda me esperando na frente de casa. Victor abriu a porta da traseira do carro, saiu me deu um abraço, um beijo no rosto e fez sinal com a mão para que eu entrasse. Ele por sua vez usava uma camiseta branca, uma calça jeans justa e escura, com o seu all star branco, aquele com o símbolo da converse. Lindo como sempre.
   Eu estava nervosíssima, afinal era a primeira vez que eu falaria com Catarina, ela nunca aparecera na loja desde que eu começara a trabalhar lá. Ela era muito bonita e tinha os olhos azuis iguais aos de Victor. Já estava acostumada com Willian, ele sempre aparecia na loja, mas tremia só de pensar que Catarina podia não gostar de mim. Quando entrei no carro, logo Willian exclamou:
   -Minha nora! Está linda hoje! – Disse sorrindo, com aquele típico sorriso largo de Willian.
   Victor entrou no carro.
   -Imagine Willian, são seus olhos. – Falei, também rindo.
   Catarina virou-se para trás sorrindo.
   -Muito prazer Natalie, sou Catarina, a mãe de Victor.
   -Muito prazer senhora Mansfield, sou Natalie. – Falei sem jeito e encabulada.
   -Me chame de Catarina querida, mas olha, já ouvi tanto esses dois falarem de você que sinto como se já te conhecesse.
   Eu apenas ri, encabulada, sentindo o sangue ferver em meu rosto. Aliás, rir foi o que eu mais fiz a viagem inteira. Não dava pra controlar o riso com Willian e Victor no mesmo carro. Conversei bastante com Catarina também, sobre minha mãe, o escritório, os estudos. Eu e Victor estávamos meio constrangidos com a situação, mas logo depois que nos acostumamos, e sabendo que Catarina e Willian davam total apoio ele pôs o braço pelas minhas costas e me abraçou. Fomos boa parte da viagem abraçados. Quando chegamos à Porto Alegre, nossa primeira parada foi em uma confeitaria muito grande e bonita bem no centro da cidade. Logo que entramos na confeitaria, muitas pessoas reconheceram Willian da loja, e o cumprimentaram. Sentamos em uma mesinha redonda meio rústica (combinava totalmente com a decoração da confeitaria) e fizemos nossos pedidos. Willian pediu um cappuccino e uma torta de morango. Catarina pediu um suco natural de laranja e um rocambole de coco com leite condensado. Victor pediu uma lata de Coca e uma torta de chocolate, enquanto eu pedi também uma lata de Coca e uma torta de limão. Minha torta estava incrivelmente deliciosa. Quando terminamos de comer, Willian deu um dinheiro à Victor para que pagasse o lanche dele e de Catarina enquanto eles iam até o carro. Eu e Victor fomos até o caixa para pagar, ele pegou dinheiro em sua carteira, e eu por minha vez peguei o dinheiro na minha bolsa.
   -Nat, deixa que eu pago.
   -Victor não, você já fez demais por mim, pode deixar que eu pago.
   -Princesa, por favor.
   -Não Victor, eu vou ficar me sentindo mal.
   -Bom, tudo bem eu deixo você pagar então. Mas só por hoje.
   Paguei o meu lanche e o do Victor, fiquei me sentindo. Não é orgulho, eu só não gosto de ter os outros fazendo tudo pra mim. Quando estávamos saindo da confeitaria, quatro rapazes vieram na nossa direção.
   -Grande Victor!
   -Fala rapaziada!
   Era um grupo de amigos do Victor, eles se cumprimentaram (aquele cumprimento de garoto e tal, o mesmo que Victor e John usavam).
   -Então rapazes, essa é minha namorada Natalie.
   Eu olhei pra ele com um ar de “como assim namorada?”, mas nem comentei, e acho que ele nem percebeu.
   -Muito prazer Natalie, somos amigos de infância do Victor. -Disse um dos rapazes, que por sinal era bonito, loiro e tinha olhos verdes.
   -O prazer é meu. -Eu disse sorrindo.
  -Aí Victor se deu bem hein?! - Disse outro rapaz moreno, também bonito. Eu não sabia onde enfiar a cara, por isso apenas ri.
   -E não é rapaz? Olha que torrense mais linda que eu arranjei.
   -Victor para!
   Falei toda envergonhada, com o rosto vermelho.
   -Fica com vergonha não menina. Estamos entre amigos. - Disse o outro garoto que não era muito bonito, mas era bem simpático, e é isso que vale. Eu apenas ri, e ele continuou:
   -Então,  pelo jeito vão ao show.
   -Claro mano. Vocês vão?
   -Eu e o Rasta vamos.
   Disse o garoto loiro de olhos verdes, apontando para o garoto moreno.
   -Ah sim, esqueci que os outros dois não gostam de música boa. Mas então galera, tenho que ir, mais tarde nos falamos.
   -Falou brother.
   Quando nos afastamos eu perguntei à Victor, curiosa.
   -Esses eram os amigos que aprontavam com você?
   -Eles mesmos. Vivíamos metidos em encrenca.
   -Só imagino.
   Quando entramos no carro, Willian deu partida e acelerou. Eu peguei o batom para retocar e Victor apenas sorriu ao ver essa cena, parecendo de certa forma encantado. Já eram cinco e meia da tarde, e nós fomos dar um passeio pela cidade. Passamos pela antiga casa da família Mansfield, e pela antiga escola de Victor e em cada parada ele tinha uma história pra contar. Achava aquilo fascinante, podia lhe ouvir durante horas, dias, meses. 

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